Saiba identificar sinais de ansiedade e depressão infantil

Especialistas alertam para comportamentos que podem indicar problemas emocionais em crianças

O aumento significativo de casos de ansiedade e depressão infantil no Brasil tem preocupado especialistas e famílias. De janeiro a agosto de 2024, o número de atendimentos a crianças e adolescentes até 14 anos diagnosticados com esses transtornos mais que dobrou em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A pandemia de Covid-19 e o consequente confinamento são apontados como fatores que contribuíram para o agravamento desses quadros. Crianças que antes eram sociáveis e participativas passaram a apresentar comportamentos disruptivos, como agressividade, irritabilidade e explosões de raiva. Essas mudanças de comportamento são sinais de alerta para pais e educadores.

Ana Cristina Gomes Tomazeli, educadora e conselheira em clínica de saúde mental pela Universidade de Montana, nos Estados Unidos, destaca a importância de observar o comportamento das crianças. “É preciso ver a criança como um ‘potinho de informação’. Ela vai apresentar comportamentos diferentes do normal, como irritabilidade, mudanças de humor frequentes e perda de interesse em brincadeiras que antes gostava”, explica a especialista.

Sinais que devem ser observados

Além das birras e explosões de raiva, outros sinais de ansiedade e depressão infantil incluem mudanças nos padrões de sono, queda no rendimento escolar e envolvimento em brigas. Crianças que antes eram ativas e participativas podem começar a se isolar socialmente, evitando interações fora do ambiente familiar. Queixas de dores físicas, como dores de cabeça e estômago, também são comuns.

A especialista ressalta que esses comportamentos não devem ser ignorados. “Os pais e educadores precisam estar atentos e buscar ajuda profissional quando necessário. A intervenção precoce pode fazer uma grande diferença na vida dessas crianças”, afirma Ana Cristina. Ela também destaca a importância de um ambiente acolhedor e de apoio para o desenvolvimento emocional saudável.

O aumento dos casos de ansiedade e depressão infantil reflete uma necessidade urgente de atenção à saúde mental das crianças. A psicoterapeuta Ana Cristina Gomes Tomazeli enfatiza que a psicoeducação e o manejo adequado da ansiedade são fundamentais para ajudar as crianças a lidarem com suas emoções. “Trabalhei em escolas públicas, com equipes pedagógicas, alunos e pais, oferecendo atendimentos individuais e em grupo, além de treinamentos em psicoeducação baseada em evidências”, relata.

A pandemia trouxe desafios adicionais para a saúde mental das crianças, mas também destacou a importância de um suporte emocional adequado. “É essencial que as crianças tenham um espaço seguro para expressar suas emoções e que os adultos ao seu redor estejam preparados para oferecer o apoio necessário”, conclui Ana Cristina.

Em resumo, a identificação precoce e a intervenção adequada são cruciais para o tratamento da ansiedade e depressão infantil. Pais, educadores e profissionais de saúde devem trabalhar juntos para criar um ambiente que promova o bem-estar emocional das crianças. A atenção aos sinais de alerta e a busca por ajuda profissional são passos fundamentais para garantir um desenvolvimento saudável.

A saúde mental das crianças deve ser uma prioridade, e a sociedade como um todo precisa estar atenta a esses sinais. Com o apoio adequado, é possível ajudar as crianças a superarem esses desafios e a desenvolverem uma vida emocionalmente saudável e equilibrada.