Milei assina declaração do G20, mas critica trechos do texto
- headlinebrnews
- 19 de nov. de 2024
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Presidente argentino defende limites do país, questiona pontos polêmicos e gera reações mistas na opinião pública

Apesar de ter assinado a declaração final do G20 nesta segunda-feira (18), o presidente da Argentina, Javier Milei, expôs aos demais chefes de Estado que não concorda com diversos trechos do texto e afirmou que seu país não teve seus limites respeitados na elaboração do documento.
“Preocupa a Argentina que não foram respeitados seus limites, fundamentais para o funcionamento do consenso. Apesar disso, a Argentina não se dissocia do G20, mas procura fortalecê-lo, com seu exemplo de não obstaculizar a declaração de líderes”, manifestou o presidente argentino.
No discurso, Milei afirmou que a adesão de seu país à declaração final do grupo se enquadra nos termos da sua exposição oral, manifestando suas discordâncias com o texto, que afirmou que continuam sendo “limites” para seu país. Um dos pedidos do argentino foi a eliminação das expressões “desinformação e discursos de ódio” do trecho em que os países do G20 pedem responsabilidade digital. “É de singular importância a livre manifestação de ideias através da imprensa e das plataformas digitais que já foram censuradas por diversos Estados”, expressou.
Preocupações com censura e liberdade de expressão
“Qualquer qualificação formal da informação poderia constituir censura, a não ser que se trate de um crime, em cujo caso devem ser juízes independentes que o determinem”, argumentou.
Milei também questionou o que definiu como a “implementação da Agenda 2030”, dizendo considerar que aspectos do programa da Organização das Nações Unidas com metas para o desenvolvimento sustentável “afetam a vida, a liberdade e a propriedade das pessoas”.
Outro ponto criticado por Milei é a menção aos super-ricos, que os países do G20 afirmam querer que sejam “efetivamente tributados”. Para a administração argentina, a menção gera “consequências negativas” sobre a acumulação de capital e, como consequência, no crescimento econômico.
Além disso, o libertário afirmou que a referência a esses contribuintes é “discriminatória” e implica um “tratamento desigual perante a lei”.
Por último, o presidente argentino também enfatizou que seu país entende a palavra “gênero” de acordo com o Estatuto de Roma da Corte Penal Internacional, e “não apoia nenhum tipo de discriminação positiva, já que violenta a igualdade perante a lei e vulnera os direitos de outros grupos”.
O Estatuto de Roma define “gênero” como uma referência a dois sexos, masculino e feminino, sem abrir margem a outras interpretações.
Reações da opinião pública argentina
A opinião pública argentina teve reações mistas às críticas de Javier Milei no G20. Parte da população, especialmente seus apoiadores, viu as críticas como uma defesa necessária da soberania e dos valores nacionais. Eles apreciaram a postura firme de Milei contra o que consideram imposições externas e elogiaram sua defesa da liberdade de expressão e do livre mercado.
Por outro lado, críticos de Milei argumentaram que sua postura pode isolar a Argentina no cenário internacional e prejudicar relações diplomáticas importantes. Alguns setores da sociedade temem que a rejeição a certos pontos da declaração do G20 possa afetar negativamente a imagem do país e suas oportunidades de cooperação global.
No geral, a reação pública reflete a polarização política existente na Argentina, com opiniões fortemente divididas sobre a abordagem de Milei em fóruns internacionais.
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